Foi na belíssima praia da Figueira da Foz, num areal com alguma erva - que prejudicou imenso a elevada técnica dos praticantes - que se disputou o último jogo de 2009 para Naval e Sporting, a contar para a 14ª jornada da Liga Sagres. Noite gelada, com pouco mais de 100o espectadores num dos mais desconfortáveis estádios da Liga portuguesa.
Ganhou o Sporting. Golo de Carlos Saleiro, premiando Carlos Carvalhal por ter regressado a um sistema de 2 avançados. Foi também o culminar de 2 boas exibições para Carlos Saleiro - Berlim e agora na Figueira. De possível dispensado, talvez tenha agarrado a titularidade. E neste momento merece! Merece porque corre, porque pressiona, porque cria oportunidades e parece ser neste momento o melhor parceiro para Liedson. Quem sabe, se fosse titular desde cedo nesta época se não estariamos um pouco melhor classificados.
O Sporting ganhou este jogo e ganhou bem. Mereceu a vitória mais pela atitude e garra demonstrada ao longo dos 90 minutos do que necessariamente pelo futebol praticado, num terreno impróprio para técnica e futebol espectáculo. O Sporting voltou às vitórias depois de 2 derrotas muito amargas - Leiria e Hertha - que me deixaram muito desanimado para o que falta desta época. Mas, na Figueira, vi a equipa jogar com mais cabeça e determinada em vencer o jogo fosse a que preço fosse. Mas... não deixa de ser sintomático que a vitória regressou com o regresso do sistema 4x4x2, um pouco mais clássico do que em losângulo, com o meio campo entregue a Adrien e Moutinho com Veloso e Ismailov mais pelas laterais quando a equipa defendia e com Ismailov em diagonais para o meio quando a equipa atacava. Mas foram varias as vezes que o losângulo marcou presença, com Moutinho a subir para a posição 10.
Um Sporting que encontrou uma Naval muito bem desenhada em campo, a praticar o futebol possível num piso muito difícil. Inácio transformou de facto esta Naval para uma equipa muito mais competitiva e ambiciosa, com bom pulmão e com automatismos muito interessantes. Não foi à toa que iam arrancando um empate na Luz e arrancaram mesmo em Braga.
Mas, na análise que fiz do nosso jogo, pareceu haver muito mais querer do que poder. Faltou arte, faltou uma atitude mandona no jogo e faltou ainda força pressionante e clareza no ataque. Para não falar que, lances de bola parada continuam a ser de uma nulidade absolutamente medíocre - com excepção a um livre de Miguel Veloso, bem ao seu jeito - principalmente em cantos e livres laterais.
Carlos Carvalhal deu a mão à palmatória e num jogo em que era imperioso ganhar, optou pelo conforto de um sistema que a equipa já conhece de olhos fechados e senti a equipa a jogar muito mais confortável e segura. No entanto, continuam lá todas as fragilidades que nos têm acompanhado nesta época. Fracos defesas laterais, meio campo sem criatividade e pouco envolvimento no ataque. Muitos passes perdidos, muito jogo atabalhoado. Mas com o tempo avançar o Sporting até melhorou e terminou com 3 ou 4 ocasiões para golo, com defesas do guarda redes do Naval muito boas, impedindo que a equipa leonina fosse para o Natal com um resultado mais gordo.
É uma vitória - e é sempre bom sair para uma pausa a ganhar - que fecha um ano negro na história do Sporting. Agora, campeonato só regressa no fim de semana de 8 e 9 de Janeiro o que nos permite respirar um pouco e ganhar folêgo para a 2ª metade da época onde esperamos mais dignidade, esforço, empenho e melhor futebol em todas as frentes que vamos disputar. Com reforços? Espero que sim, de preferência de qualidade.
Rui Patrício - Nada a apontar neste jogo. Seguro, calmo, estava lá quando foi chamado a intervir.
Grimmi - jogo mais conseguido que os 2 anteriores. Mas continua a efectuar muitos charutos para a frente sem nexo algum. Esta pausa não lhe vai fazer bem...
Tonel - Fez um bom jogo. Muitas vezes também recorreu ao charuto para a frente. Não consegue sair a jogar com a bola pelo chão. A defender esteve bem, principalmente nas bolas aéreas. No jogo ofensivo não esteve tão bem.
Carriço - Concentrado, esforçado, saiu mais vezes a jogar, mas de forma inconsequente. No entanto continua a amadurecer e temos ali um dos próximos líderes do nosso plantel.
Abel - não vou tecer comentários. Estou profundamente desiludido com ele, e neste momento não consigo fazer uma análise fria e justa. Tudo o que o vejo fazer me parece terrível. E depois enerva-me o facto de querer fazer sempre os lançamentos laterais. Mas ele tem algum mestrado em lançamentos da linha lateral? E até nos lançamentos consegue falhar o óbvio.
Adrien - ganha minutos nas pernas e parece-me que Carvalhal gosta dele. E o que me parece também é que está ali um verdadeiro trinco. Enche o nosso meio campo defensivo e só precisa de mais calma e clarividência no lançamento do jogo ofensivo. Tem de evitar algumas entradas a destempo.
Moutinho - já o disse. Precisa de parar. Está em má forma. Emperra o jogo da equipa e o número de passes falhado é anormal para o seu futebol. Na frente pouco envolvimento e o remate sempre disparatado. Vi no entanto, na segunda parte, Moutinho em auxilio dos 2 pontas de lança pressionando a defesa do Naval quando esta queria sair a jogar.
Veloso - fez um bom jogo. Na medida em que o piso o deixo. Bons passes de meia distância, bom envolvimento nas acções ofensivas e melhor na marcação de cantos. Quase marcava na transformação de um livre directo.
Ismailov - continua a ganhar minutos. Mais presente no jogo, mas demasiado agarrado à bola, o que permitiu quase sempre o desarme pelos adversários. Tentou o golo, mas terá de o fazer com maior expontaneadade. Esta paragem também não lhe fará bem.
Liedson - esteve presente no jogo como sempre nos habituou e com mais futebol nos pés, mais objectivo e com alguém a seu lado na área. Só assim Liedson faz sentido. Contra a Naval tivemos um cheirinho do Liedson que conhecemos. Tem de entrar em 2010 com o pé quente. Precisamos (todos) que seja um grande ano para o levezinho.
Saleiro - conquistou hoje toda a minha atenção. É um ponta de lança que pode fazer a diferença no futuro. Tem o cheiro do golo sempre presente e é um lutador. Marcou o golo que acabou por ditar a vitória e provavelmente a estadia no plantel para 2010. Tenho a sensação que pode ir longe se acreditar nas suas capacidades e se empenhar em transformar-se numa referência no ataque.
Postiga - Fez um bom quarto de hora e esteve bem ao lado de Liedson. Poderia ter marcado e ainda fez assistência magnifica para Adrien desperdiçar.
Pereirinha e Matias - entraram só para queimar tempo. Queimar tempo? Em tempo de guerra não se limpam armas.
A terminar sublinho o grito de guerra no final do jogo, como que a descomprimir uma tensão que já vai longa e dolorosa. Todos os jogadores têm de acreditar que 2010 não pode ser um ano igual ao de 2009. Tem de ser em tudo melhor colocando já na cabeça que daqui a um ano temos de ser nós a virar o ano em primeiro lugar.
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