Continuando a aproveitar as mini-férias, sinto pouca vontade para escrever sobre o que se passou em Alvalade na passada quinta feira. Vi o jogo numa TV que mais parecia um selo dos correios. Mas deu para ver... mais do que isso deu para ouvir os comentários bacocos do homem da verdade desportiva.
Depois de 2 jogos, que emprestaram ao Sporting um novo folêgo para a nova época, a jornada 5 da Liga Europa, reunia em si 2 objectivos leoninos: vitória e um crescendo técnico e táctico da equipa. Os holandeses eram um aperitivo bastante apetecível para que a equipa desse mais um passo em frente na recuperação total do estado animico dos jogadores e da massa adepta. Depois da exibição contra o Benfica, tudo apontava para uma jornada de afirmação. Relembro que o empate ou a vitória davam ao Sporting em definitivo o 1º lugar do grupo.
Mas... todas as melhores expectativas saíram goradas. Comecemos pelo público. 12 Mil Espectadores em Alvalade para apoiar a equipa?? 12 Mil? Num momento em que todos os adeptos recuperavam a auto estima, depois da ovação no final do Derby, entrar em Alvalade com o estádio... vazio não pode dar muito ânimo a um jogador. Estamos a falar de uma competição da UEFA. Estamos a falar de um jogo que daria ao Sporting em definitivo a qualificação para a próxima fase da competição.
Depois, o relvado. Mas quando é que vamos ter um relvado digno de um estádio - que é apontado como um dos melhores da Europa - e de uma equipa que quer jogar bem e rápido? Um relvado miserável, marcações praticamente sumidas... que pobreza na abordagem ao ambiente que uma equipa como o Sporting deve ter como exigência máxima. Moutinho no final, aproveitou a boleia do Jorge Jesus e fez uma declaração que considero inteligente, onde afirma que com este relvado cada vez é mais difícil o futebol do Sporting crescer em rapidez e em técnica.
Sobre o jogo propriamente dito... (suspiro) demos um passo atrás. Pairou em Alvalade, neste jogo, o estigma da época falhada. A equipa entra macia, num 4x2x3x1 muito pouco pressionante, lento e muito pouco objectivo. Reconheço que não pode ser em 2 semanas que um novo treinador, um novo método e sobre tudo, um novo sistema de jogo, possa ser representado em jogo com um futebol demolidor. Mas... caramba, pelo menos uma nova mentalidade deveríamos impor desde o apito inicial. Jogámos de forma macia, talvez com o empate na cabeça, esperando o erro do adversário e sem explosão nenhuma digna de qualquer jogador leonino deixando uma vez mais, à mercê de 4 moinhos holandeses um Liedson que ao longo do jogo foi percebendo que está cada vez mais sozinho na frentes, por vezes com 20/30 metros de distancia da linha de 3 homens do meio campo que o deveriam servir e nem isso fizeram.
Tenho alertado em anteriores textos que não posso conceber um Sporting a jogar com o Liedson sozinho na frente. Este sistema, ou é imposto de uma forma totalmente ofensiva e aí jogamos com o poder de fogo de 4 homens em linha com a baliza adversária, deixando as tarefas defensivas para os 2 trincos e os 4 defesas, ou então, se é um 4x2x3x1 à semelhança de um Braga - que tem na sua matriz jogar com cautelas defensivas e procurar eficácia num contra ataque ou nas bolas paradas, o que está a resultar este ano - ou de um qualquer outro clube que jogue no meio da tabela, estaremos condenados ao fracasso.
A verdade é que nada assegura neste momento que estamos determinados a fazer vingar este novo sistema. Ou seja, os jogadores interiorizaram que para este jogo, o esquema de Paulo Bento seria o ideal e na minha visão andaram entre um e outro sistema, com os erros claros do que praticaram com o de Paulo Bento nesta época. Não se arrisca no 1 para 1. Não se faz um passe com a bola pelo chão a mais de 5/q0 metros. Não há um passe a rasgar com a entrada de jogadores nas costas dos defesas. Insistimos em demasia nas lateralizações e... a bola continua a passar demasiado tempo nos pés dos jogadores no nosso meio campo defensivo. Para que a bola vá da nossa área à do adversário são precisos por vezes mais de 8/10 passes, demasiado rendilhado e com os jogadores sempre... mas sempre a darem demasiados toques na bola.
Logicamente, temos de acrescentar a nulidade dos 2 laterais Grimmi e Pedro Silva que conseguem falhar um passe e uma marcação em quase todas as jogadas do Sporting e foi assim que os holandeses chegaram de forma simples ao golo. Este ano ao menos somos bons num aspecto: damos excelentes brindes.
A equipa... não está ainda equilibrada. Veloso jogou desta vez encostado ao lado esquerdo, depois foi para o lado direito, novamente encostado à linha o que lhe retirou espaço. Veloso gosta de ter espaço.
Mas vamos à minha visão - via TV - do comportamento dos jogadores.
Rui Patrício - continuo a insistir... tem enormes deficiências a lançar o jogo. Lembram-se de como Ricardo muitas vezes colocava a bola no Liedson depois de qualquer lance de bola parada? Não teve culpa no golo, mas só não fez casa para um 2º golo porque Carriço cortou na última. Pareceu-me nervoso. Será por causa de Stoj estar no banco?
Pedro Silva - péssimo.... a defender, a atacar, a centrar, a rematar à baliza. Já nem sequer é uma questão de forma ou da falta dela, é uma questão de ser um jogador muito medíocre.
Polga e Carriço - não foram postos à prova em acções defensivas. Fazem questão de dar a entender que estão com maior determinação nas bolas defensivas pós livres e cantos... mas, caramba, ofensivamente são inofensivos, o que se olharmos para um Bruno Alves ou um David Luís, perguntamos, podemos contar com eles para resolver um jogo?
Grimmi - também está num momento péssimo. Acabou por ser ele a marcar o golo que resolveu o nosso dilema nas contas do grupo, mas se retirarmos o golo, Grimmi, não vale um chavo daquilo que pagámos por ele. Recuperável? Não creio.
Adrien - enche com alma o nosso meio campo defensivo. Interpreta na perfeição as funções de um verdadeiro trinco. Precisa de mais minutos, de mais jogo, de mais calma a lançar o contra ataque leonino e frieza no momento do passe. Mas julgo que está condenado ao banco caso Carvalhal decida colocar ali Miguel Veloso. Adrien será um grande jogador, precisa mesmo é de crescer e amadurecer.
Moutinho - mais empenhado, mais perto do seu normal, mas ainda longe do seu melhor. A trinco, ao lado de Adrien tentou organizar o meio campo, mas este novo sistema obriga a uma outra clarividência e a rasgos criativos, 2 aspectos que ainda estão adormecidos no capitão.
Miguel Veloso - Carvalhal está a experimentar Veloso encostado às linhas laterais, mas já deve ter reparado que Veloso não dá a profundidade necessária ao jogo do Sporting. É um jogador meio perdido quando a equipa tenta pressionar no ataque e que tem sempre uma preocupação defensiva. O lugar de Veloso é a trinco, ou a defesa esquerdo - que para mim parece-me a melhor solução.
Matias - não esteve bem. Deve ser difícil para um jogador tecnicamente evoluído conseguir controlar a bola num relvado mole e solto como o nosso. Falta-lhe poder de explosão que fizeram dele o jogador reconhecido que é. Jogou encostado às linhas e não é ali o seu terreno preferido.
Postiga - Jogou a 10, nas costas de Liedson. Correu, lutou, quis a bola no pé, mas foi sempre muito pouco criativo no momento de soltar a bola para Liedson, dá sempre um toque a mais o que permite a quem defende mais uma oportunidade de corte. A 10, Postiga precisa de espaço e confiança. Em livres e cantos é inofensivo. Não remata de meia distância e não faz passes de ruptura... tudo aquilo que um 10 deve fazer. Não tem lugar no meu 11 preferido.
Liedson - (outro suspiro mas mais profundo!) está completamente só e abandonado na frente. Corre, corre, cansa-se demasiado, faltando depois folêgo e clarividência nos momentos chave do jogo. Vejo um cabeceamento que raramente falhava a acabar tranquilamente nas mãos do guarda redes holandês. Vejo um remate que normalmente teria selo de golo a sair disparatadamente ao lado da baliza. Cansado, um ponta de lança fica com a missão mais difícil. Eu sei que muitos condenam as palavras de Liedson, pois só tem é que fazer o que o treinador lhe pede. Mas ele tem razão. O desabafo foi um alerta de "assim não vamos lá". Foi essa a interpretação que fiz do seu discurso. Eu pessoalmente também acho que assim não vamos lá. O meio campo precisa de estar mais perto do avançado, se possível lado a lado nas jogadas de construção ofensiva. Vamos ver se Carvalhal consegue corrigir e "acarinhar" o alerta de Liedson.
Caneira - ainda a ganhar ritmo, esteve bem no que lhe competia.
Caicedo - ... acho que tocou 3 vezes na bola.
Ismailov - Deixei para o fim aquele que para mim acabou por ser o homem do jogo. Os primeiros 45 minutos depois de 7 meses de paragem, explicaram a razão pela qual o losângulo de Paulo Bento não funcionou. Acho que Carvalhal só o deveria ter lançado no jogo ou depois de um golo do Sporting ou a meio da 2ª parte. Optou pela entrada pós intervalo... arriscou, ok, dou-lhe essa benesse, mas poderia ter corrido mal. 45 minutos depois de uma paragem de 7 meses num jogo onde ainda por cima teve de carregar a equipa praticamente às costas - e que delícia foi vê-lo já com alguns dos seus melhores pormenores - foi demasiado pesado para um regresso que se esperaria mais tranquilo. Será "O Regresso do Rei"? Vamos ver nos próximos jogos.
Conclusão. Demos um passo atrás? Veremos no próximo jogo contra o Vitória de Setúbal. Para já um recado para Sá Pinto: Menos Sorrisos e Mais Garra e Dureza no trato com a equipa depois de jogos como o da passada 5ª feira
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