domingo, 13 de dezembro de 2009

Sporting 0 - Leiria 1: Septicemia Aguda.

Nota prévia: "A septicemia, sepse ou sépsis é uma infecção geral grave do organismo por germes patogénicos."

Ou seja, estamos a assistir a uma infecção generalizada no futebol sénior do Sporting, que se está a revelar fatal e da qual não se consegue descobrir a origem. Antibióticos precisam-se e rápido. Normalmente, em casos destes, os médicos costumam induzir o paciente em coma, pois a infecção provoca dor praticamente insuportável.

Assim, vai o nosso Sporting. Confesso que tive de deixar passar mais de 24 horas sobre o jogo de ontem para poder escrever mais a frio as minhas impressões sobre o jogo - se o tivesse feito ontem pela noite teria sido um texto absolutamente disparatado pela negativa.

Vivemos tempos dificeis, dolorosos e manifestamente angustiantes. Não se vislumbra no horizonte melhorias no futebol praticado a curto prazo. Muito menos no nosso estádio, onde a rábula do relvado já roça o masoquismo puro de quem não está minimamente interessado em contribuir para melhorias visiveis da prática de futebol. Cada um tem o que merece dizem alguns, mas, para nós sportinguistas não basta uma humilhante derrota prente uma inteligente União de Leiria, ainda temos que pagar para ver um jogo ao vivo num autêntico batatal. Que miséria de terreno - uma espécie de ervado para hipismo - talvez mesmo o pior da Liga actualmente.

Mas, avancemos para o jogo. Em primeiro lugar, ainda não consegui arranjar adjectivos negativos suficientemente criativos para descrever o mau jogo do Sporting. Em segundo lugar, como classificar desempenhos de jogadores como Abel, Rui Patrício, Adrien? É que considerá-los maus, não chega. Na minha opinião não chega. Abel está literalmente na lista dos piores laterais direitos da actual Liga Sagres. Mas, o ónus desta análise terá de começar evidentemente pela abordagem que Carlos Carvalhal fez ao jogo.

O Sporting entrou em campo com o sistema que Carvalhal tem trabalhado neste primeiro mês como treinador do Sporting. 4x2x3x1. Caneira, Polga, Carriço e Abel na linha defensiva, Veloso - de regresso à sua posição natural - e Moutinho como trincos. No meio campo, Ismailov, Matias e Vuk e Liedson como ponta de lança. Ao fim dos primeiros 5 minutos deu para perceber imediatamente que foi uma abordagem errada. Liedson demorou apenas 10! minutos a desesperar. Com este sistema, Liedson dificilmente terá a preponderância a que nos habituou. Sempre, mas sempre, demasiado só. E, se isto já é triste, ver Liedson a fugir para as laterais dando apoio à construção ofensiva, tabelar com Abel e este - estupidamente - a centrar para a grande área onde não existe ninguém é de um amadorismo ao nível do que se joga nas distritais.

Eu tenho memória de quando o Sporting, no tempo de Manuel Fernandes e Jordão, jogava apenas com um deles na frente a casa vinha literalmente a baixo. Era inadmissível ver o Sporting a jogar sem uma dupla atacante. Dou comigo, no estádio, a ver o meu Sporting, a jogar contra um Leiria apenas com 1! avançado e com 20 metros a separá-lo em permanência dos homens do meio campo leonino. Como foi possível chegar até aqui? A primeira parte foi... miserável. Dava pena ver Liedson permanentemente frustrado com o comportamento da equipa, que passou a primeira parte toda a jogar para os lados e para trás. Carlos Carvalhal, assistiu a 45 minutos sem a lucidez necessária para mexer logo no momento em que o Leiria marcou o seu golo - frango de Patrício - colocando a equipa a jogar com o sistema que conhece de olhos fechados - 4x4x2 losângulo.

Veio o intervalo e no estádio já se pressentia o que iria acontecer nos segundos 45 minutos. A equipa subiu ao ervado com o tal 4x4x2 losângulo. Vuk posicionava-se ao lado de Liedson. Entrava Pereirinha e Adrien, com Veloso a deslocar-se para defesa esquerdo e Matias e Caneira a ficarem no balneário. Efectivamente a equipa entrou mais pressionante, mais determinada e com os olhos postos na baliza adversária. Mas, cedo se percebeu que as mexidas não foram as melhores. Abel continuava a dar sinais de total ineficácia ofensiva.

Não teria sido melhor, deixar Abel de fora, entrar Pereirinha para o seu lugar, sair Matias e colocar Postiga ou Saleiro ao lado de Liedson? Deixar Veloso a trinco, Vuk na esquerda e Ismailov na direita e Moutinho a 10? Pergunto, não tinha mais lógica?

Depois, ao longo dos 90 minutos foram ecoando na cabeça de todos - a começar pelos jogadores - as palavras de Jorge Jesus sobre o terreno do Alvalade XXI, proféticas palavras... e o 11 de Leiria sabia melhor que ninguém disso mesmo. Não sei se houve muitos a repararem, mas na primeira parte, os jogadores leirenses arrancaram literalmente autenticos torrões de relva no meio campo defensivo do Sporting. Na 2ª parte aquele meio campo - para onde agora o Sporting atacava - parecia um qualquer pedaço de terreno não alcatroado em Bagdad.

Matias Fernandez não consegue simplesmente manter a bola colada à erva e sair a jogar com a bola totalmente controlada. Para um jogador de baixa estatura, cujo a técnica e o rasgo criativo são as suas pricipais armas, um terreno assim é fatal. A bola salta permanentemente, muda de direção cada vez que bate no chão... enfim, somos leões é certo, mas não precisamos de ter um terreno igual ao de uma qualquer savana Africana.

Carvalhal deve ter percebido o seu erro - espero bem que sim - pela estratégia escolhia para abordar este jogo. Já o tinha feito contra o Setúbal e o Heerenveen. Num marcámos logo ao início e ainda se disfarçou, no outro foi um suplício para sair do jogo com um ponto que nos assegurasse o primeiro lugar do grupo e a respectiva qualificação. Imaginem se tivessemos perdido contra os holandeses? Depois deste jogo iamos a Berlim com um credo na boca e com a onda negativa que nos assola, ainda ficávamos de fora da Liga Europa... o que seria escandaloso.

Quanto ao resto do jogo com o Leiria, foi, tranquilamente terrível... 2 oportunidades flagrantes falhadas - uma por Liedson e outra por Pereirinha - uma grande defesa do guarda redes leiriense a um fabuloso pontapé de bicicleta de Liedson e pouco mais. Nota-se uma falta de ideias gritante. O tempo que se perde com bolas para trás, para os lados, os momentos de indecisão dos passes, a falta de confiança, o desacerto das linhas e a má forma física de grande parte dos jogadores é irritante.

Patrício - toda a responsabilidade no golo do Leiria. Mas como é possível, num canto, a equipa adversária marcar um golo de cabeça na pequena área. Custou mais 3 pontos. Mas, como tem nos dado alguns nos útimos jogos não é justo crucíficá-lo.

Caneira - não percebi a sua saída. De longe, estava a jogar melhor que Abel e teria ido para a direita fazer melhor serviço do que o que lá estava se a ideia de Carvalhal fosse colocar Pereirinha num terreno mais ofensivo.

Polga e Carriço - foram dos menos maus na partida, mas é já anedótico, termos 2 centrais que não criam uma única oportunidade nos lances de bola parada. Vejo-os a correrem para a área em cada livre ou canto e pergunto-me: para quê?

Abel - de longe o pior jogador do Sporting neste momento. Não faz um lance de jeito. Centros disparatados, perdas de bola incriveis e quando se envolve em lances ofensivos é mais o que destrói do que o que constrói.

Veloso - tentou remar contra a maré, mas a sua sina estava traçada a partir do momeno quem que foi colocado na posição de defesa esquerdo. Foi dos mais inconformados, correu, recuperou bolas, mas na hora do remate houve desacerto e na marcação de livres, desastroso.

Moutinho - parecia recuperar a sua forma standard, mas neste sábado foi de uma nulidade a toda a prova. Teve uma ocasião excelente para fulizar a baliza adversária e saiu um remate completamente disparatado. Moutinho precisa de parar. Já!

Ismailov - o melhor de sábado. Jogou os 90 minutos. Acabou exausto, pois foi obrigado a correr mais que todos os outros médios juntos. A sua clarividência durante o jogo é tremenda, mas no meio de tanta nulidade, perde-se objectividade. Foi também muito prejudicado pelas condições do terreno.

Matias - mais vale não jogar em Alvalade enquanto o estado do terreno for o de uma autêntica savana Africana.

Vuk - regressou ao 11, depois de lesão, mas não foi feliz. Quer a bola nos pés, quer sair com ela jogável, mas, com tantos tufos de erva levantados não é possível jogar assim. Por ser um jogador mais pesado é frequente vê-lo também com as botas enterradas no areal. Foi uma péssima exibição na primeira parte, melhor na segunda parte, mas muito áquem do que já lhe vimos fazer.

Liedson - tenho um palpite de que se vai lesionar muito em breve...

Pereirinha - Entra bem, mas depois desaparece. No entanto com ele a equipa ganha mesmo mais profundidade. Á semelhança do jogo com o Setúbal, falha uma oportunidade de golo de forma incrível.

Adrien - a sua entrada foi desastrosa, passes errados, remates desconexos, ao fim de 6 minutos em campo vê logo um amarelo. Destrói o jogo do adversário mas não constrói o nosso jogo ofensivo.

Postiga - entrou tarde demais. Tenta desesperadamente fazer a diferença, mas quanto mais tenta mais complicado fica. As coisas para um ponta de lança têm de sair naturais e não forçadas.

Resumindo, de bom, o jogo com o Leiria só teve mesmo a hora a que começou. O ambiente estava muito bom... até começar o jogo. Alias, se não tivesse havido jogo tinha sido uma tarde bem passada em Alvalade.

Benfica e Braga empataram, mais uma oportunidade perdida de recuperar terreno para os líderes. Mas assim... bye bye.

3 comentários:

Peyroteo disse...

Amigo, eu sinto muito orgulho em ser do Sporting. Mas sentiria ainda mais se tivesse nascido numa família de não sportinguistas.

Vamos acreditar que tudo vai melhorar ainda nesta época. Tirando a Liga, temos ainda muito para conquistar.

Saudações leoninas
maissporting.blogspot.com

Peyroteo disse...

Pedro, por aquilo que li, identifico-me com a visão e a forma como vive o nosso Sporting. Segundo me pareceu, tal como eu e ao contrário de outros, move-se pelo amor ao clube e não por odiozinhos ou objectivos pessoais.

Sempre pelo Sporting!!!

Vou colocar o link do Sempre Sporting no meu blog (Mais Sporting).

SL

Anónimo disse...

Saudações Leoninas caro Peyroteu.
Nesta fase negra da história do futebol do nosso clube será necessário estarmos unidos. Agradeço os seus comentários.
Irei juntar o seu blog à lista dos que gostop de seguir.
Saudações Leoninas.
Paiva