quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Comboio já descarrilou...

e dificilmente entrará nos eixos a curto prazo.
Paulo Bento foi abandonado. Por todos!
Jogadores, massa adepta, equipa técnica e presidente (não incluo aqui dirigentes por uma razão que explicarei adiante). Está no processo de definhamento ao qual já vem sendo uma tradição no nosso clube. O calvário que o levará à humilhante crucificação no próximo Domingo.
Está praticamente tudo definido. Domingo perdemos ou empatamos em casa com o Marítimo e será basicamente a assinatura da rescisão que, pelos corredores de Alvalade, já se assume sem vergonha nenhuma por alguns sectores instalados.
Foi assim com Inácio, Fernando Santos, José Peseiro... e agora Paulo Bento.
Uma tradição que a bancada faz por manter viva, pensando ser em defesa do clube, do plantel, dos resultados, dos títulos... mas que de forma indirecta favorece apenas o status quo bafiento que se respira nos corredores de Alvalade.
Paulo Bento começa o calvário no momento em que Soares Franco decide não se recandidatar à presidência do clube. A partir daí, ficou por conta e risco próprio. Aceitou renovar sem reflectir sobre os 3 anos que viveu à frente do futebol profissional do Sporting. Acreditou que com uma nova direcção, um novo rumo seria traçado. Enganou-se. Tudo passou a pior. Com ele assistiu-se à maior e mais duradoura discussão entre adeptos. Uns em sua defesa, outros pedindo a sua cabeça.
Depois do resultado de ontem em Guimarães - e a fraquissima atitude da equipa - essa discussão teve o seu epílogo. Terminaram os argumentos em defesa do Paulo Bento. O homem está só e a esta hora só deverá ter um pensamento: resignar.
Não há condições para continuar à frente dos destinos do futebol profissional deste Sporting. Sozinho será impossível voltar a colocar o comboio nos eixos. A bem dele, neste momento sugiro que resigne já ao cargo. O Paulo não merece que seja Alvalade o local da sua crucificação, humilhado por quem lhe tem um ódio de morte e à mercê de uma corja que anseia pintar com o seu "sangue" os diários informativos de segunda feira e ao som do riso imbecil e vitorioso do palerma dos caracóis. Abandonado também pelos jogadores - agora carrascos - que criou e que em silêncio irão renegar tudo o que lhe devem.
Pensarão muitos que, com a sua saída, todos os males que vivemos na pele irão passar. Chegará outro treinador, que será abençoado pela bancada e que nos próximos meses apaziguará as almas sportinguistas e dará um novo encanto aos escribas e opinadores da nossa praça. Cada golo uma maravilha, cada passe uma técnica irrepreensível, cada vitória uma obra prima... até ao início do próximo calvário.
Ninguém pára para pensar o que está na origem destes ciclos. Ninguém quer saber como são feitas as camas nos corredores de Alvalade. Ninguém quererá saber ou perceber, o quanto manipulados somos em prol de se garantir que as garantias sejam garantidas.
José Eduardo Bettencourt, tem para mim uma posição dúbia. Defendeu até aqui o Paulo Bento mas de longe. Longe do treinador, longe do balneário, longe dos corredores de Alvalade. Sabe onde está o verdadeiro problema, mas não actua. Porquê? Não pode? Não quer? Não sabe? Não tem margem de manobra? JEB, terá com certeza longa e árdua caminhada pela frente e só tem 2 rumos - ou larga fogo nos corredores de Alvalade ou será consumido pelos que pastam por lá, garantido que as garantias são garantidas.
Paulo, tenho uma enorme admiração por ti enquanto profissional que defendeu sempre o clube acima de tudo o resto. Mas não queiras resistir mais ao veneno que está definitivamente instalado em todos os que te rodeiam. Não queiras, orgulhosamente, resistir até Alvalade no próximo Domingo. Será demasiado doloroso. Para ti, para os que te respeitam, para os sportinguistas em geral. A fogueira já está acesa. A cruz já tem os pregos à tua espera. A noite de Domingo será inevitavelmente mais uma a manchar a história de um clube que se quer tão grande como os grandes da Europa.
Pelos corredores de Alvalade passarás e será recebido pela última vez, com palmadinhas nas costas cínicas e pornograficamente hipócritas acompanhadas da frase "estamos contigo até ao fim... e se precisares de ajuda daremos o empurrão final".
Esses, que te darão as palmadinhas, com a tua cabeça na bandeja, sorrirão na madrugada de Domingo com a certeza que, vindo outro para o teu lugar em formato Prozac e que irá ingenuamente dar cobertura a mais um período de "recolha de fichas"... continuando-se pelos corredores a garantir-se que as garantias sejam garantidas.
O Futebol nunca foi, nunca será... para gente com coluna vertebral.

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