segunda-feira, 15 de março de 2010

Sporting 3 - Guimarães 1: Sarar as feridas,


Liga Sagres - 23ª Jornada

30 minutos a jogar com o Vitória de Guimarães, 60 minutos a pensar no Atlético Madrid. Esta foi, no meu entendimento, a forma como o Sporting encarou mais um jogo da Liga. Em campo tivemos o adversário directo na luta pelo... 4º lugar.

Fui para Alvalade com uma paz de espírito tremenda. O jogo seria evidentemente para ganhar, mas não poderia em momento nenhum claudicar a estratégia montada para a 2ª mão com o Atlético de Madrid já na próxima 5ª feira. Ou seja, lesões ou cansaço físico eram de evitar.

Entrar em Alvalade e encarar finalmente com um tapete quase perfeito dá um ânimo adicional. Assisti ao aquecimento das equipas e fui pensando que, efectivamente o Leão está a sarar as feridas. São muitas... e algumas delas profundamente dolorosas (as feitas pelas goleadas sofridas com os nossos principais rivais, os 4 directores para o futebol, a saída de Paulo Bento são as que ainda doem por estes dias). Mas nada como o tempo, a tranquilidade, a reflexão e o trabalho não curem. E ao ver o estádio encher, com muitos sorrisos no rosto, muitos miúdos, famílias inteiras, pensei onde andava esta onda verde - e ontem por ser o jogo dedicado ás mulheres com garra também pintado de rosa. Um aplauso para o marketing do Sporting que fez uma boa campanha com o resultado de ter conseguido obter uma assistência perto das 40 Mil pessoas.

Ou seja, o ambiente era bom, a tarde tinha sido de muito sol, o relvado em excelentes condições com a previsão de uma boa casa... o jogo só podia ser bom. Um Guimarães muito bem orientado por Paulo Sérgio - um dos poucos treinadores portugueses verdadeiramente tacticamente ofensivos - era o que se esperava, com destaque para um Nuno Assis, que na minha opinião deveria imediatamente regressar a Alvalade. É um grande jogador e a confirmarem-se algumas saídas do plantel, espero que
Costinha tenha na lista das suas preferências este Nuno Assis, que merece, na minha opinião, estar presente no Mundial de África.

Quanto ao Sporting, que depois de 4 jogos positivos e disputados em alta rotação, diametralmente opostos aos praticados na restante época, esperava um tirar o pé do acelerador, gerindo um jogo em função do próximo. Esperava até algumas mexidas no 11 inicial,
possibilitando a alguns jogadores recarregarem baterias para Quinta Feira. Mas enganei-me. Carlos Carvalhal mexeu apenas no essencial - João Pereira por Abel e Saleiro por Pereirinha. Mas o que me surpreendeu foi claramente o sistema apresentado - 4x1x3x2 - exactamente igual ao praticado - e tão criticado - por Paulo Bento. Com automatismos diferentes, é certo, mas com a matriz idêntica à delineada nas últimas 5/6 épocas.

E não é que o Sporting entra a 200 Km/h? Foi a melhor meia hora que vi o Sporting fazer esta época. Simplesmente, cilindrámos o Vitória no primeiro quarto de hora. Ritmo, pressão, jogadas ao primeiro toque, transições defesa ataque nitidamente pré-preparadas e uma eficácia terrível e deliciosa nos pormenores de
Liedson e Saleiro.

Eu vi, um vitória de Guimarães completamente atónito com a atitude empregue pelo Sporting nos primeiros minutos. Vi, aos 20 minutos um Paulo Sérgio em pânico, imaginando uma noite penosa e vi um estádio em delírio com estes 20 minutos. E só pensava... porquê só agora? No momento em que Saleiro marca aquele delicioso 3º golo e via todo o estádio em pé a gritar golo, pensei, o que teria sido este ciclo se pelo meio não tivéssemos tido aquelas 3 semanas penosas de Fevereiro. Enfim... a realidade é esta: hoje o Sporting está nitidamente a sarar as feridas. O Leão, que esteve às portas do coma profundo, fustigado por tudo o que de mal lhe poderia ter acontecido numa só época, lambe agora as feridas fitando no horizonte uma presas com quem tem de ajustar umas contas...

Quanto ao jogo, meia hora de puro futebol espectáculo. À chegada aos 30 minutos, mudança de estratégia. Travagem a fundo e estende-se a passadeira "vermelha" para a entrada de um outro artista de variedades em campo - Bruno Paixão. Ou seja, quando Paulo Sérgio já temia uma goleada histórica - e se não houvesse jogo na quinta provavelmente a vantagem de 3 golos seria certamente dilatada - o Sporting lembrou-se de que na Quinta há jogo e esse sim decisivo. Bruno Paixão, também apanhado de surpresa pela entrada "esfomeada" do Leão, depois da "pancada" entrou finalmente em jogo... e a partir daí, acabou o Sporting X Guimarães e começou o Bruno Paixão X Sporting. Não gosto de comentar arbitragens. Não quero falar de arbitragens. Mas este Bruno Paixão tira-me do sério... colocarem este "
apitador" em Alvalade é uma provocação pura à nossa nação Leonina. Ontem foi... mais uma para a história deste "lampião" nos jogos em que apita em Alvalade. O bom foi ter sido provavelmente o último jogo que ele apitou esta época com a nossa equipa. O mau... é que na próxima época voltará a arbitrar.

Destaque positivo da noite de ontem - o futebol de luxo apresentado pela equipa nos primeiros 30 minutos. Os golos de
Liedson e Saleiro. A forma e saúde física que a equipa respira. Os automatismos que finalmente aparecem nesta época e a veia goleadora da equipa. Não quero individualizar um jogador em especial, pois é o colectivo que está a fazer as minhas delícias nestes recentes jogos. Mas quero dar um destaque pessoal ao Carlos Carvalhal, que continuando a ser o "bombo da festa" de alguns pasquins, demonstra um sentido profissional de louvar e que prova, que a seriedade é, ainda, em alguns homens um sentido de honra. E honra lhe seja feita, estas vitórias são inteiramente da sua responsabilidade. Recuperar uma equipa destroçada pós Paulo Bento, depois destroçada de um ciclo penoso de eliminações, goleadas e derrotas na Liga como o das primeiras 3 semanas de Fevereiro. o escrevi aqui - Carvalhal não é na minha opinião a melhor opção para a próxima época - mas se é o André Vilas boas o escolhido como afirma o Record, prefiro mil vezes o Carvalhal. Mas estarei agradecido ao Carlos Carvalhal por tudo o que está a provar no Sporting. Quinta Feira é para ganhar Carlos!!!

Pela negativa... Miguel Veloso. Pareceu-me nitidamente alheado do jogo, até amuado. Não foi o Miguel Veloso que esta época tem brilhado ao mais alto nível. A sua entrada sobre Rui Miguel, onde levou o Amarelo, é a prova de que ontem não estava em campo. Espero um Miguel e grande na Quinta Feira. De negativo também a gestão das substituições. Com um jogo ganho na primeira parte e um decisivo jogo na próxima quinta feira, Carvalhal teria de ter refrescado a equipa mais cedo. Deixar uma substituição para os 90 minutos... não me faz muito sentido.

Foi um Domingo agradável em Alvalade. Era bom repetir já na Quinta feira. Não vamos entrar com excessiva euforia neste período, pois as feridas ainda estão a sarar. Manter a atitude, determinação e automatismos é essencial.

Para ver e rever o magnífico golo de
Liedson... só ao alcance dos predestinados. Vai ganhando na minha óptica o registo de a figura mais importante da época Leonina.

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